O Palácio dos Papas em Avignon
Imagino que você já deva ter ouvido falar em Châteauneuf-du-Pape, certo? Se já ouviu falar do vinho mas ainda não conhece o significado do nome e nem a sua origem, saiba que chegou o tempo de saber.
Châteauneuf-du-Pape é uma das mais famosas denominações de origem do Sul da França. Esta localizada no Sul Méridionales, em Côtes du Rhône. É o nome da região, da denominação de origem (AOC) e também o nome do vinho.
A denominação Châteauneuf-du-Pape, entrou para a história da humanidade, por ter sido parte do Cisma Papal de Avignon que abalou sobremaneira a Igreja Católica durante o século XIV.
O Palácio dos Papas em Avignon
Châteauneuf-du-Pape é traduzido como “novo castelo do Papa”. Foi construído às margens do rio Rodano (Rhône), por Bento XII, terceiro pontífice da região, para ser o castelo de verão dos papas. A construção se deu entre os anos de 1317 a 1322, sendo considerada das maiores e mais importantes construções góticas da Idade Média na Europa. Foi fortaleza, palácio e residência papal, além de ter sido o Vaticano do século XIV, ficando sob o domínio papal até se tornar parte da França, em 1791.
Ah! Para esclarecer: Avignon foi sede da igreja católica de 1309 a 1377, quando o rei da França Felipe IV (O Belo), endividado devido a guerras mal sucedidas, resolve taxar a igreja, que por sua vez reage escomungando o rei. Este, por sua vez, manda prender o Papa e influencia o Concílio a escolher um novo Papa, o francês Clemente V, que estabelece Avignon como nova sede da igreja. Daí, temos uma sucessão de Papas que chegaram a oito. Para complicar um pouco mais essa história, saiba que a igreja chegou a ter, nesse nebuloso período, três Papas simultâneos. Um com sede em Avignon, outro em Roma e um terceiro em Pisa. Não se chateie caso você não tenha entendido tão bem. Também fico confuso sempre que retomo o assunto e, a própria Igreja, passados quase mil anos, ainda busca entender. Por isso, não percamos mais tempo e vamos voltar ao vinho.
Os vinhedos
As primeiras videiras foram plantadas pelos antigos romanos que deixaram, no sul do Vale du Rhône, ruínas que nos contam um pouco da história desse povo na região.
Em 1309 o Papa Clemente V chega a Avignon e, depois dele, outros sete papas serviriam na região. Devido a isso as plantações e a produção de vinhos ganham importância, pois boa parte dos vinhos eram produzidos pela Igreja ou para a Igreja.
João XII, sucessor de Clemente V, contribuiu muito na melhoraria dos processos de produção dos vinhos, que passaram a ser chamados “Vin du Pape”. A transformação foi tanta que, em meados do século XIV, praticamente metade das terras de Châteauneuf-du-Pape eram vinhedos.
Em 1377 o Papa retorna à Roma, mas o vinho continuou sendo muito importante na região. Por volta dos anos 1700, os vinhos ganham status, já que combinavam as melhores qualidades do Languedoc e de Bordeaux. Mais tarde, em 1936, é criada a denominação oficial Châteauneuf-du-Pape, a primeira denominação francesa.
Trata-se de um Ícone do vinho francês, tanto por sua história como também pela qualidade. Os tintos, normalmente são robustos, de cor escura e muito macios, sendo elaborados com até 13 castas, onde predomina a Grenache. Os brancos, são raros e mais difíceis de serem encontrados, bem encorpados e estruturados, com aromas delicados e grande persistência gustativa.
Nos rótulos dos vinhos, a figura das chaves cruzadas são o símbolo do papado e representam as chaves do reino dos céus, concedidas por Jesus a São Pedro, considerado o primeiro papa. Com elas, o apóstolo guiaria a igreja e seria capaz de ligar ou desligar as coisas entre terra e céu.
Desde 1937 as chaves cruzadas aparecem logo abaixo da tiara papal (algo similar ao brasão do Vaticano). São feitas em alto relevo e estampam as garrafas dos Châteauneuf-du-Pape.
Produtores
Outra coisa que você precisa saber é que um Châteauneuf-du-Pape é produzido por um grande número de produtores e, dessa forma, você poderá encontrar vinhos bons, muito bons e espetaculares, dependendo da qualidade e prestigio de quem produz. O preço normalmente é forte indicativo da qualidade do vinho.
O Château La Nerthe (foto acima) é citado como o melhor da região e o que merece maior destaque, mas não é o único. Outros bons produtores são: Château de Beaucastel, Clos des Papes, Henri Bonneau, Clos du Caillou, Clos du Mont Olivet, Château Rayas, Domaine du Vieux Télégraphe, Château Fortia, Clos de l´Oraitore, Château Mont-Redon, Château la Gardine, Domaine Paul Autard, Paul Jaboulet Aîné, Château des Fines Roches, Domaine de La Mordorée, e por ai vai.
Que tal assistir um vídeo curtissímo com imagens do Palácio dos Papas enquanto prova um desses vinhos?
Se você gostou da matéria e quer saber mais sobre esse e outros temas, é só me seguir nesse Blog.
Clique aqui e até breve!
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por opinar e participar deste blog.