Vinhos e as classificações por envelhecimento


Ao  comprar um vinho com as menções Reserva, Gran Reserva ou Reservado, será que você sabe exatamente o que está comprando? Se não sabe, esteja certo que, perguntas como esta, são bem frequentes em minhas aulas sobre vinhos. Outra pergunta que vem sempre a seguir é, "qual seria o tempo de envelhecimento dos vinhos dessas categorias"?

A questão é de fato complicada, já que os conceitos, embora tratem de questões relacionadas ao envelhecimento dos vinhos, não indicam claramente ao consumidor, se esse envelhecimento se dá em barricas, em garrafas ou em ambas. Outra dificuldade se dá em relação ao tempo de envelhecimento, que normalmente não tem um período mínimo exigido pelas legislações de cada país, podendo variar de região para região e também entre diferentes produtores. Portanto se há algo de prático que eu possa falar sobre o tema, é que de fato, é complicado. 

Buscarei ser mais específico, como forma de orientar você a fazer escolhas mais acertivas.

Vinhos Reserva:

Reserva é um indicativo que pode assumir diferentes sentidos entre os mais diversos paises. Pode se referir a qualidade das uvas, ao teor alcoólico mais elevado nos vinhos e ainda ao tempo de amadurecimento em barricas, envelhecimento em garrafas ou em ambas.  Nesse aspecto o que você ter como certo é que o termo Reserva é apenas um indicativo de envelhecimento, mas não necessariamente desse envelhecimento ter sido feito em barricas.

Na maioria das regiões italianas esse período é de dois anos. Os Barolos, produzidos no Piemonte, exigem um tempo mínimo de cinco anos de envelhecimento, parte desse tempo com passagem por barricas. Em outros paises como Portugal e Chile, o termo reserva é indicativo de teor de álcool um pouco superior, geralmente 0,5% maior que o normal da região. Ainda no Chile o termo Reserva Especial é um indicativo de passagem por barricas por período que varia de produtor para produtor.

Na Espanha um vinho tinto Reserva envelhece por um período mínimo de três anos antes de chegar ao mercado, sendo um ano em barricas e outros dois em garrafas. 

No Brasil, lei recente de 2019 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, exige um envelhecimento mínimo de 12 meses mas não necessáriamente com passagem por barricas.

Cabe destacar que, para vinhos brancos, o período de envelhecimento mínimo obrigatório, quando existe, é normalmente a metade do tempo dedicado aos vinhos tintos.

Vinhos Gran Reserva:

Gran Reserva é um indicativo de vinhos feitos com uvas dos melhores vinhedos, teor de álcool mais elevado e tempo maior de envelhecimento, em relação ao vinho reserva do mesmo produtor. Parte desse envelhecimento certamente irá se dar em barricas, identificando assim os melhores vinhos do produtor ou de uma linha de vinhos do produtor.

O tempo mínimo de envelhecimento para um vinho gran reserva também varia de país para país. Na Espanha, por exemplo, um vinho tinto Gran Reserva envelhece por um período mínimo de cinco anos antes de chegar ao mercado, sendo 18 meses em barrica e 36 meses em garrafa. Na Argentina é um indicativo de que o vinho amadurece por um período mínimo de 24 meses. No Chile também existe a exigência de passagem por barricas, nessa categoria, mas com tempo de maturação diferenciado. 

No Brasil, a mesma lei de 2019, exige envelhecimento mínimo de 18 meses, sendo um mínimo de 6 meses em barricas.

Para vinhos brancos, o tempo de envelhecimento segue a mesma orientação citada acima para vinhos da categoria reserva. 

Vinhos Crianza:

Crianza é um termo utilizado na Espanha que indica um período mínimo de 24 meses de envelhecimento para vinhos tintos, sendo 6 meses em barricas e 18 meses em garrafas ou tanques de aço inox. O tempo exigido para vinhos brancos também é reduzido à metade.

Vinhos Reservado:

Reservado é um termo relativamente recente, muito utilizado para vinhos produzidos no continente sul americano, em especial chilenos, sendo normalmente vinhos simples e de entrada da vinícola, sem grandes pretensões, e que busca transmitir uma falsa idéia de qualidade. Aparece também em quantidade menor na Argentina, no Uruguai e mais recentemente passou a ser regulamentado também no Brasil, na lei de 2019. Na legislação brasileira o termo Reservado é definido como um “vinho jovem, pronto para beber com mais de 10% de álcool”

Cabe o destaque que dada a simplicidade desses vinhos, eles nunca passam por barricas.

Considerações finais:

Independentemente do tempo de envelhecimento explicitado nas legislações de cada região, as mesmas indicam um tempo mínimo de maturação e envelhecimento. Os produtores, por sua vez e segundo suas diferentes propostas de elaboração, podem envelhecer seus vinhos pelo tempo que julgarem adequados, mas sempre acima do mínimo exigido em lei. 

Tem ainda o fato de que mesmo que a legislação não exija o envelhecimento em barricas, isso não significa que o produtor não possa fazê-lo, se assim o desejar. 

Para finalizar, você deve sempre observar que, a não existência de padronização nos tempos de amadurecimento em barricas e envelhecimento em garrafas, dos vinhos produzidos nos mais diversos cantos do mundo, podem fazer com que vinhos da categoria Reserva produzidos por um determinado produtor, possam ter o tempo de maturação e envelhecimento até superior ao de vinhos da categoria Gran Reserva produzidos por um outro produtor, já que o padrão de qualidade de um produtor pode ser superior ao padrão de qualidade de um outro produtor.

É complicado mesmo mas, com informação e um pouquinho de jeito, você chega lá!


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