O corte bordalês

 

Você que me acompanha aqui no Blog, no Instagram, no meu canal do YouTube ou que já assistiu às minhas aulas, sabe que falo bastante sobre vinhos varietais, vinhos de corte e terroir, em especial porque esses temas tem uma ligação muito forte com os mais diversos estilos e características dos vinhos e que fazem toda a diferença na taça.

Para variar, falarei aqui um pouco mais sobre vinhos de corte, mas peço que você tenha paciência e leia até o final. Garanto que você não irá se arrepender.

Vinhos de corte:

Lembro que corte, blend ou assemblage significa elaborar vinhos utilizando duas ou mais variedades de uvas. Melhor dizendo, dois ou mais vinhos já que não se misturam uvas mas sim vinhos. Para simplificar um pouco mais, são feitos, por exemplo, dois vinhos varietais que poderiam ser um Cabernet Sauvignon e um Merlot e posteriormente um terceiro vinho, esse sim um corte, utilizando porcentagens desses dois varietais. 

O propósito do corte, muito empregado no velho mundo e que vem sendo adotado, cada dia mais, por produtores do novo mundo, é elaborar vinhos mais complexos, intensos e estruturado buscando numa determinada variedade de uva, àquelas características não presentes nas outras. Em algumas regiões do mundo o corte é tão importante que a legislação local o tornou obrigatório para se fazer vinhos. É o caso de Bordeaux, por exemplo, onde só se produz vinhos de corte, tanto os tintos como os brancos.

E é desse corte que irei falar para você, nesse artigo, daqui por diante. Do corte bordalês, muito provavelmente, o mais cultuado e imitado do mundo, já que ele é adotado, por vezes com algumas variações, para produzir vinhos nas mais diferentes regiões do planeta. 

O corte bordalês é obrigatório em Bordeaux e se aplica a toda a região, sendo definidas as uvas autorizadas, tanto para vinhos brancos como para vinhos tintos.

São treze variedades autorizadas, sendo que nos vinhos brancos  predominam Sauvignon Blanc, Semillon e, em menor escala, Muscadelle. Nos vinhos tintos predominam Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e, em menor escala, Petit Verdot. Outras variedades permitidas mas que praticamente não são utilizadas são a Malbec e a extinta Carménère

Em Bordeaux predominam os vinhos tintos, que respondem por aproximadamente 80% da produção da região. Os vinhos vão desde encorpados e com bom potencial de guarda, podendo também ser mais leves e frescos.  Também ocorrem mudanças em relação aos lados dos rios Dordogne e Garonne.

Margem Esquerda:

Nos vinhos produzidos na margem esquerda, região situada entre o Rio Garonne e o Oceano Atlântico, a Cabernet Sauvignon é a uva predominante, seguida da Merlot. A Cabernet Franc, quando utilizada, é a terceira uva. A Petit Verdot, quando usada, aparece em bem pequena proporção.

Os vinhos são marcantes e tem aromas que lembram um frutado sutil de frutas vermelhas, acidez e taninos macios e textura mais densa. Vinhos como o Chateaux Latour, o Lafite, o Margaux, o Mountoun Rothcshild e o Haut-Brion, estão dentre eles.

Margem Direita:

Nos vinhos produzidos na margem direita, região do lado continental e às margens do Rio Dordogne, há uma inversão em relação à utilização das uvas no corte. A Merlot passa a ser predominante, seguida da Cabernet Franc. Na região a Cabernet Sauvignon quase não aparece.

Os vinhos tem aromas que lembram frutas negras mais maduras e de dulçor mais evidente, com uma textura sutil e mais sedosa. Vinhos como o Châteaux Petrus, Cheval Blanc, Trotanoy, Le Pin, Clinet e Angelus, estão dentre eles.

Estilos:

Mas com tantas sutilezas seria possível apontar, dentre essas duas grandes regiões, uma que protagonizasse os melhores vinhos? Seriam os vinhos da margem esquerda superiores aos vinhos dos seus vizinhos da margem direita?

A resposta que me parece mais sensata é: "depende do seu paladar", já que ambas as regiões contam com vinhos espetaculares e muito bem feitos, porém com diferentes estilos. Só isso!

Perceba nisso tudo o que falei aqui, a grande importância que tem o Terroir e as apelações de origem com todas as suas regulamentações, na elaboração dos vinhos e passe a considerar esses aspectos em suas futuras escolhas.

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Até breve!

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