Vinhos varietais e vinhos de corte

 

Você, que é enófilo e apreciador de vinhos, precisa estar atento ao fato de que, na maioria dos paises considerados como sendo paises do velho mundo, predominam os vinhos elaborados num conceito denominado de cortes, enquanto que nos paises mais jovens, considerados paises do novo mundo, predominam os vinhos elaborados no conceito denominado de varietais

Importante saber também que a qualidade dos vinhos produzidos nessas diferentes regiões, nem sempre está diretamente ligada a esse conceito de elaboração, podendo ser os vinhos bons, muito bons, ruins ou mesmo muito ruins. 

A questão aqui é você saber identificar quem é quem através das informações constantes nos rótulos das garrafas.

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Corte ou assemblage:


Vinhos de corte são, no geral, característicos dos paises mais tradicionais, mais antigos e nos quais o conhecimento dos produtores, sobre a região, vem de longa data. As legislações e regulamentações foram criadas para que os vinhos possam refletir as características particulares de cada diferente terroir, suas singularidades, o DNA da região para que seus vinhos sejam únicos.

Dentre os diversos aspectos considerados na legislação, estão as uvas que podem ser utilizadas, cabendo ao produtor ter a sabedoria de saber usá-las em proporções adequadas e com as melhores técnicas, visando produzir bons vinhos. Em certas regiões, tem ainda o fato de que os vinhos são obrigatoriamente de corte e nunca de uma uva só. Vinhos, assim produzidos, são mais estruturados, intensos, elegantes e complexos.

Dentro desse conceito é normal você encontrar no rótulo dos vinhos, apenas menção à região de produção (terroir) e não às uvas. O consumidor procura dessa forma um vinho da região, não se preocupando com as uvas normalmente utilizadas para produzir o vinho.

É importante também você saber que um vinho de corte é feito de uma mistura de vinhos e não de mistura de uvas. Se o vinho for corte de Cabernet Sauvignon e de Merlot, isso significa que o produtor fez um vinho com a uva Cabernet Sauvignon e um outro vinho com a uva Merlot, podendo comercializá-los, se a legislação local assim o permitir. O corte nada mais é do que fazer um terceiro vinho com parte da produção dos vinhos base elaborados, na proporção autorizada pela legislação e/ou desejada pelo produtor.

Por fim, os cortes irão dar aos vinhos diferentes características que estarão  presentes nas uvas sendo utilizadas, o que não seria possível se somente uma delas fosse usada. Por exemplo: um Cabernet Sauvignon tem estrtutura e potência ao passo que a Merlot contribui com a textura e sedosidade. Repare que é a mesma coisa que fazemos com a comida ao utilizarmos diferentes ingredientes no preparo dos pratos. 

Varietal:

Vinhos varietais são característicos dos paises mais jovens (novo mundo) e nos quais o conhecimento, sobre as particularidades das regiões, ainda não são totalmente conhecidas. Visam, assim, refletir mais as características das uvas do que da região (terroir). 

Esse conceito, pouco comum no velho mundo, se espalhou pelo novo mundo, por influência dos norte americanos da California, de onde teria surgido o dito: "se não temos o terroir vamos valorizar a uva". De toda forma isso vem mudando nos paises mais jovens já que muitos dos vinhos dessas regiões já são feitos utilizando cortes.

Vinhos produzidos no conceito varietal, são mais frutados, joviais, de cores mais brilhantes e com aromas mais simples.

É muito comum você encontrar, no rótulo dos vinhos, maior destaque para a uva utilizada do que para a sua região de produção. O consumidor busca mais pela uva do que pela região. 

Varietal vs Monocasta:

Agora, vamos entender a diferença entre os termos varietal e monocasta, já que isso pode fazer muita diferença para alguns consumidores, em especial quando pensamos que um vinho varietal e feito sempre de uma única uva, o que nem sempre é verdadeiro. Portanto, vinhos varietais e vinhos monocasta podem ser coisas diferentes.

Vinho monoscasta é um vinho produzido utilizando 100% de uma só variedade. Pode ser de Cabernet Sauvignon, Carménère, Chardonnay ou qualquer outra das muitas uvas existentes pelo mundo. No rótulo do vinho, especialmente nos paises do novo mundo, o produtor normalmente informará o nome da uva utilizada para a sua elaboração. Um vinho monocasta é, dessa forma, seguramente um vinho varietal.

O conceito de vinho varietal, por outro lado, tem uma particularidade que pode levar o consumidor a uma compra equivocada, já que esse vinho pode ser feito utilizando outras uvas além daquela informada no rótulo. Isso acontece porque, em muitos paises, as legislações autorizam o produtor a informar, no rótulo dos vinhos, apenas o nome da uva predominante na sua composição, desde que esta tenha sido utilizada numa proporção mínima estabelecida. Com isso você pode achar que está comprando um vinho 100% Cabernet Sauvignon, por exemplo, mas esse vinho pode ter em sua composição 85% Cabernet Sauvignon e os demais 15% de Carménère. Nessa situação é provável que no rótulo do vinho seja evidenciado apenas o nome "Cabernet Sauvignon". É o caso desse varietal 3 Medallas Cabernet Sauvignon, produzido pela vinícola chilena Santa Rita. Entendeu?

Concluindo:

Se para você, saber se está consumindo um vinho feito 100% da sua uva predileta, é algo importante, procure reparar no rótulo ou no contra-rótulo dos vinhos, menção a ser ele elaborado 100% com essa variedade. Não havendo essa informação na garrafa, visite o Site do produtor, o site do importador ou ainda o site da loja na qual você está comprando o seu vinho e procure identificar isso na ficha técnica ou descritivo do vinho. 

Em alguns casos, em especial nos vinhos do velho mundo, a própria legislação ira definir isso para você. Um Chablis, que é produzido na Borgonha/França, por exemplo, será sempre 100% Chardonnay. Um Barolo ou Barbaresco, que são produzidos no Piemonte/Itália, serão sempre 100% Nebbiolo. Nesses casos você precisará conhecer um pouco mais sobre vinhos, regiões e as apelações, mas com um pouco de curiosidade e estudo você vai chegando lá. 

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